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Dicas de Passeio
Guia Praia Grande

MINHA VISÃO DOS ESTADOS UNIDOS

ERIKA FERNANDA é uma jovem praiagrandense que vive temporariamente nos Estados Unidos da América.

Diferente das centenas de milhares de brasileiros que emigram para aquele país em busca trabalho e melhores condições de vida, a Érika foi por razões do coração.

Jovem, bonita e bem educada, dispunha no Brasil de algum conforto proporcionado pela família de classe média. Sempre estudou em escolas particulares, tinha carro próprio e estava cursando a universidade até que o namorado partiu para a América para viver com a mãe brasileira e o padrasto americano.

Corajosa e apaixonada, Érika Fernanda não titubeou em trancar a matrícula na faculdade, pedir exoneração do emprego público, funcionária concursada que era da Secretaria de Educação de Praia Grande, arrumar as malas e seguir os passos do seu amor.

Sob protestos da família, que tentamos de todas as formas  dissuadi-la da aventura, ela  comprou um pacote para Disney Word, conseguiu com alguma sorte o visto de turista concedido pelo Consulado Americano e embarcou com o firme propósito de permanecer naquele país. Abandonou a excursão em Orlando, na Flórida, tomou um vôo para Boston, no Estado de Massachusetts, onde o namorado e a família a aguardavam para levá-la a sua nova moradia, na cidade de Worcester (pronuncia-se Úlceter), 50 milhas a Oeste da Capital, pela rodovia State 95.

Quando questionada se sabia bem o que estava fazendo, dizia-se inspirada em versos de Pablo Neruda: ...”Morre lentamente quem não troca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho...”
Como os telefonemas, e-mails e fotos não são suficientes para matar a saudade, passei a visitá-los uma vez por ano, o que sempre me proporcionou agradáveis passeios. Na última viagem, resolvi anotar, em forma de blogs, as minhas impressões sobre o modo de viver daquele povo, suas diferenças e semelhanças, suas qualidades e deficiências, as coisas feias e as coisas bonitas daquele lugar. Vale lembrar que as observações remetem ao Estado de Massachusetts, localizado no Nordeste dos Estados Unidos, próximo ao Canadá, com invernos rigorosos.  Essa região é bastante conservadora e ainda preserva a cultura do colonizador anglo-saxão. Vamos ao diário:

10/09/05 A VIAGEM
Na falta de opções de vôos No-Stop de São Paulo para Boston, a alternativa é viajar com conexão em alguma cidade americana. A Cia. Delta Air Lines opera vôos para Boston a partir de São Paulo, com conexão na sua base operacional em Atlanta, na Geórgia. Embarquei no Aeroporto de Guarulhos as 23:00 do dia 10 de setembro, com chegada a Atlanta as 7:30 horas (hora local) do dia seguinte.

11/09/05  CHEGADA
O momento mais apreensivo nas viagens (pelo menos para mim) é a apresentação as autoridades da imigração, onde o estrangeiro é entrevistado e liberado (ou não) para ingressar nos EEUU. A menor indecisão por parte do oficial encarregado da liberação é motivo para checagem detalhada, um procedimento desgastante e moroso, que ainda pode embarcar o incauto viajante de volta ao país de origem.

Para minha agradável surpresa, a mocinha do governo que me atendeu, examinou meus documentos, pediu para ver as passagens e me fez apenas 3 perguntas, em inglês bem pronunciado:
-o que o traz aos EEUU , senhor Correa ?
-qual seu destino final ?
-pretende fazer negócios ?

Dei as respostas no meu melhor inglês, ela entendeu tudo, carimbou meu passaporte   e pronunciou a frase esperada - WELLCOME TO UNITED STATES. 
Pronto.  Menos de 2 minutos, O próximo passo é liberar a bagagem na alfândega. Uma declaração do que está trazendo e pronto. Minha mala não foi sorteada para bagunçarem, o que me adiantou bastante meu expediente. Só aguardar o vôo de conexão, que partiu as 10,35 hs, Pensei em  ligar para a Erika e avisar que tudo estava correndo bem, mas não dispunha  de moedas de  $ 0,25 para alimentar o telefone...

Fácil. Vou cambiar uma nota de um dolar por 4 moedas. Dirigi-me ao caixa de uma banca de jornais e  perguntei gentilmente se ela possuía as moedas para troca.
A mulata me respondeu grosseiramente denunciando um sotaque terceiro-mundano - Yes, I do, but I d’ont  change,
Me afastei murmurando em português que eu gostaria que ela entendesse .Pois enfie no.......

Aterrisamos no Login Airport, em Boston, as 13,14 hs. do dia 11/09.  A segurança estava em alerta, pois deste aeroporto partiram as duas aeronaves que derrubaram as Torres do Word Trade Center em Nova Iorque, há exatos 3 anos.

Meus anfitriões me aguardavam para me conduzir a Worcester, a bordo do Sedan GM Pontiac Gran AM, vermelho ferrari. O carrão pode ser considerado luxuoso para os padrões brasileiros, com bancos de couro, ar condicionado, tração 4 X 4, cambio automático, etc... Mas aqui na América é veículo padrão. Carros pequenos são raridade...

Levei alguns livros encomendados pelo Paulo (esse é o nome do meu querido genro) e algumas guloseimas made in Brasil de presente para eles.

A casa em que eles residem atualmente, e muito aconchegante. Toda construída em madeira com isolamento térmico, conforme os padrões locais, possui 5 cômodos bem distribuídos, (sala, cozinha e 3 dormitórios e lavabo)  e ainda conta com um porão habitável (em inglês, basement), onde funciona a área de serviço, banheiro, escritório completo e ainda uma sala de múltiplo uso, com tv, bar e até uma mesa oficial de ping-pong, O imóvel é próprio, adquirido com financiamento de longo prazo, muito utilizado nos EEUU. Parabéns a eles. Os financiamentos para aquisição de imóveis residenciais aqui nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, são muito difundidos e fáceis de se obter. Financia-se uma casa em 30 anos, com juros de 2% ao ano.  Financiadores disputam os clientes, fazendo propaganda na TV e oferecendo sorteio de automóveis para quem realizar o negócio. Burocracia zero. Mas os preços, se comparados ao Brasil, são absurdamente altos. Uma casa de padrão médio custa, no mínimo, US $ 300 mil.

O restante desse dia 11, após a chegada a Worcester, foi para descansar e me recuperar das 13 horas voando espremido na classe turística. Apenas um breve giro de carro pela cidade, e despenquei para 12 horas ininterruptas de sono.

12/09/05 – O CARDÁPIO
Choveu o dia todo.  Resquícios do Furacão Katrina, que depois de varrer do mapa a cidade de Nova Orleãs, chegou aqui já totalmente sem força, provocando apenas mudança do clima. Mas outro furacão, batizado Ophélia, castigou a Carolina do Norte ontem, no Sudeste do Pais.

Fui dar uma caminhada pela city e fiquei parado por horas num posto de combustível aguardando a chuva passar. Todos os postos de combustíveis funcionam com auto serviço.  Água e gasolina são relativamente baratos por aqui. Além de possuir vastas bacias fluviais, toda a água e reciclada e reutilizada, atitude elogiável.  Além de possuir a maior reserva de petróleo do mundo, os EEUU ainda são os maiores compradores, mantendo o seu óleo nas profundezas, como reserva estratégica para o futuro, o que os torna, de algum modo, desonestos. Passei numa loja de departamentos para comprar alguns produtos e a simpática senhora do caixa,  ao ver meu passaporte,  me expressou congratulations,  disse que já esteve no Brasil e elogiou bastante nossa terra e nossa gente.

Almoçamos peixe frito e arroz com frutos do mar Estava muito gostoso e até o Benjamin, marido da Cida,  (que são os sogros da Érika) apreciaram.
Interessante os hábitos alimentares do povo desta região da América. O arroz com feijão não fazem parte do cardápio. O trivial para eles consiste em batatas amassadas e steak bovino, que nada mais e do que uma enorme chuleta grelhada, muito macia e saborosa.
A explicação que me deram faz sentido.  Durante a guerra civil americana (Norte contra o Sul) no final do século passado, o comércio inter-regional foi suspenso, e o arroz que é produzido no Sul deixou de  freqüentar as mesas dos Ianques, já que no Norte não existem várzeas alagadas propícias a produção arrozeira..  O cardápio readaptado foi transmitido às gerações posteriores, de maneira que atualmente eles comem arroz com feijão tanto quanto brasileiros comem massas, ou seja, de vez em quando.
Pelo que me disseram, preferem sempre o arroz carregado com alguma outra iguaria. Abominam o arroz natural, branco e soltinho.

13/09/05  -  O TRÂNSITO

16/09/2005 – A Erika e a sogra decidiram me ensinar a dirigir. Assumi o volante do Toyota Echo que é o segundo carro da Família , e fomos fazer um tour pela city. O carrinho e muito gostoso de dirigir, possui um painel futurista com todos os comandos bem posicionados. O câmbio automático causa estranheza nas primeiras voltas, mas logo a gente se acostuma e para de procurar a embreagem e a alavanca de mudança de marchas.

Difícil mesmo e assimilar as regras de trânsito que vigoram na localidade, umas muito boas , outras  um tanto bizarras. Diferente do caótico transito brasileiro, a educação e a cortesia prevalecem entre os motoristas. E obrigatório parar totalmente em todos os cruzamentos, tem a preferência o veículo que chegou primeiro, pedestres tem preferência absoluta. A menor menção de atravessar a rua, todos os carros param.

Peruas escolares (todas públicas) são sagradas. Quando estacionam no meio fio para embarque ou desembarque de pirralhos, o trânsito é obrigatoriamente interrompido.
 Sirenes de viaturas ou ambulâncias, quando acionadas, implicam a parada obrigatória de todos os veículos para dar passagem a autoridade.. Placas de sinalização e semáforos são respeitados com devoção. A velocidade máxima permitida no perímetro urbano é de 30 milhas por hora (aproximadamente 50 km/h). Não vi nenhum radar, mas aparentemente ninguém ultrapassa essa velocidade. Motos e bikes são raras.

Se você cometer um homicídio lhes é dado o mais amplo direito de defesa. Mas se for flagrado descumprindo alguma regra de trânsito, pode tomar cadeia. Coisas da democracia.
Não obstante, verifica-se muitos carros avariados por batidas no trânsito, talvez porque os motoristas são muito barbeiros, talvez pelo excesso de cautela ao dirigir. Todos botam a culpa na nevasca, que deixa os carros incontroláveis durante o inverno.

 Não vi a figura do agente de trânsito (amarelinhos ou marronzinhos, como são conhecidos no Brasil). A própria polícia, por não ter muito o que fazer, cuida da fiscalização do trânsito. A delinqüência nesta cidade e muito próxima de zero. Não há nenhuma preocupação com segurança, de forma que nenhuma casa possui muro, portões com cadeados ou grades de proteção nas janelas. Objetos de uso doméstico, tais como carrinhos de cortar grama, bicicletas, ferramentas ficam expostos na área externa (front yard). Nada some. As portas e janelas raramente são trancadas.

As agências bancárias também não contam com dispositivos de segurança aparente.

O aparelho policial, apesar de um efetivo grande e bem treinado, é utilizado para algumas missões bizarras, tais como: acompanhar obras na rua, ajudar professoras a conduzir alunos em passeios, aplicar insulina em velhinhos, abordar pessoas para saber de onde vêm e onde vã. O número para acionar o serviço é 911. Se você quebrar uma unha e acionar o 911, em alguns minutos sua casa é cercada por uma viatura dos bombeiros, um carro da polícia e uma ambulância.

De obrigatório, as residências possuem um sistema de sensores que aciona o Corpo de Bombeiros a qualquer sinal de fumaça no interior da casa. Tem de tomar algumas precauções quando se faz frituras, pois alarmes falsos são punidos com severas multas.

Meus bons hospedeiros me levaram a conhecer um típico açougue americano. A loja fica dentro de  um container refrigerado  a  32º F  (0º C)  com os cortes expostos nas gôndolas. Entendeu ? Eu explico...

Ao invés da mercadoria ficar dentro do freezer, o cliente e quem entra no freezer para escolher as peças. A loja toda é refrigerada. Achei o sistema um tanto primitivo e insalubre para clientes e funcionários. Mas enquanto eu tremia de frio, os locais ostentavam camisetas e sandálias.  E os cortes bovinos e suínos são muito bonitos, embora os preços sejam  elevados para os nossos padrões.

O almoço foi filé de peito de frango grelhado, acebolado, e arroz branco, com tempero brasileiro, preparado pela Erika., Delicioso.

14/09/05 – DOWTOWN
Acompanho a Erika ao salão de cabeleireiros (brasileiro). Enquanto ela retocava suas madeixas, coisa de mais ou menos duas horas, fui andar pelas ruas em derredor. Encontrei um parque, fiz uma caminhada em volta do campo de futebol (americano), parei para me exercitar em alguns aparelhos de ginástica improvisados. Adentrei alguns estabelecimentos comerciais e comprei água, biscoitos e café, já sabendo que o small coffee por aqui é servido num copo de 10 oz (aproximadamente 300 ml) ao custo de US$-1,05, incluído o tax. Meal Tax é o imposto, cobrado extra-conta em qualquer consumo.

Estive numa padaria chamada Miranda’s Breads e num mercadinho denominado Derrico’s Market que, de particular, são estabelecimentos brasileiros, como muitos outros em Worcester, com produtos e empregados da terrinha.

Chamou-me a atenção um trabalho que era realizado de maneira inusitada para mim ,    . A coleta de lixo – Se em matéria de separação do lixo em reciclável e não reciclável temos muito a aprender com os americanos, na coleta  os nossos garis são muito mais eficientes. Enquanto no Brasil, o caminhão conta com um motorista e mais 2 ou 3 coletores, que aos galopes se encarregam de jogar os sacos de lixo na caçamba, o trabalho flui de forma muito rápida,  aqui nos EEUU o caminhão tem o motorista e mais ninguém.  Ele tem de dirigir o veículo e ir estacionando no meio fio onde as cestas de lixo, separadas em lixo limpo ou orgânico, aguardam para serem recolhidas.

O pobre homem tem que descer da boléia, despejar o lixo na caçamba, nas baias próprias de acordo com o conteúdo (lixo limpo ou lixo sujo) acionar o triturador hidráulico e voltar para a boléia, dirigir mais 10 metros e repetir a ação. Que trampo !

Para ser recolhido, o lixo deve estar acondicionado em sacos amarelos com 60 litros de capacidade, com o logotipo da prefeitura, adquiridos em lojas conveniadas, ao custo de US$ 1,00 a unidade.  É a tarifa de coleta de lixo que é paga na aquisição da embalagem.
Na volta, passamos pela Main Street (Rua Principal) assim conhecidas as avenidas centrais das cidades americanas. Em  quase todas as cidades existe a tal  main streat .                                      
A Main Streat seria assim como a Av. Ana Costa para Santos, ou a Av. Francisco Glicério para Campinas, ou ainda a Av. São João, em Sampa.
E a área central da cidade, com construções antigas em alvenaria, edifícios públicos como a Prefeitura e a Corte de Justiça,  intenso comércio, trânsito congestionado, alguns mendigos e mulheres públicas. Bucólico, como toda região central de grandes cidades.

Descobri que também no primeiro mundo a pobreza e feia e promíscua.

Deliciosa lasanha a bolognesa foi o prato principal no almoço.

15/09/05 – IMIGRANTES
Após uma breve turnê pelo comércio, e algumas compras, almoçamos num restaurante chinês, Impressionante como esse povo oriental se espalhou pelo mundo, estabelecendo-se em todos os países, quase sempre ligados ao comércio de gêneros alimentícios. Em Worcester, assim como em todos os cantos do mundo, existem diversos restaurantes de comida típica chinesa, com muito fruto do mar regados a baldes de molho agridoce.

Neste país convivem pacificamente estrangeiros de todas as nacionalidades, predominando os de origem hispânica.  Brasileiros podem se sentir em casa, pois em qualquer lugar que se ande, sempre encontra algum tupiniquim. Nesta região (Massachusetts) predominam mineiros e goianos, concentrados em Framingnan, onde quase a metade da população são nascidos nas Minas Gerais do Brasil.  Esse êxodo mineiro, que na história só encontraria paralelo na bíblica saída dos hebreus do Egito, foi startada na década de 70, quando uma empresa de construção pesada sediada em Framingnan(MA) , após realizar alguns contratos em Governador Valadares(MG), descobriu que a mão de obra brasileira era barata,  farta e eficiente para o trabalho braçal. Passou, então a trazer levas de trabalhadores, estes indicavam seus parentes e amigos, que enviavam dólares as famílias no Brasil. A guisa de informação, convém ressaltar que naquela época não haviam barreiras à concessão de vistos, e os primeiros imigrantes conseguiam facilmente se legalizar. Os que chegaram após a década de 90, em sua maioria estão em situação ilegal. A polícia faz vistas grossas a essa situação, por causa da impossibilidade de se deportar todo imigrante ilegal, gente que trabalha, consome e portanto movimentam o aparelho econômico do país. Eles são expulsos apenas quando cometem algum delito. Estima-se que aproximadamente 30 milhões de estrangeiros vivam ilegalmente nos EEUU. Em Miami, na Flórida, uma das maiores cidades do mundo, mais da metade dos seus 10 milhões de habitantes é composta de não-americanos.

Nos últimos anos, o governo republicano capitaneado por George W Bush, tem tomado medidas radicais para estancar a avalanche de imigrantes, na sua maioria latinos, que tentam viver no país. Intensificou a vigilância nas fronteiras, endureceu a concessão de vistos, e ainda dificulta a entrada de viajores considerados imigrantes potenciais.
O green card, documento que dá direitos relativos ao estrangeiro que aqui vive, tornou-se uma utopia inatingível, tamanha as regras burocráticas estabelecidas para sua obtenção. Não há o menor interesse do governo em conceder o green-card a ninguém, exceto para cidadãos europeus com formação acadêmica compatível.  Mesmo assim, todos os meses trabalhadores desqualificados chegam em aluvião, em busca de  melhores condições de vida na América. A maioria se arrisca atravessando clandestina e perigosamente a fronteira mexicana.
Anualmente são concedidos 50 mil green-card por um sistema de sorteio, a cidadãos do mundo todo que se inscrevam para essa loteria. As chances de qualquer cidadão ser contemplado por este método é de 1 em 2.500.

Está cada vez mais difícil para os ilegais arranjar emprego formal aqui nos EEUU. As empresas minimamente organizadas já não aceitam mais trabalhadores sem documentos e não contratam. Quem esta empregado, vai levando. Se perder o emprego, cai na clandestinidade. Sobra para os ilegais apenas trabalhos avulsos como pintar casas, capinar quintais, fazer pequenos reparos e faxina. Algumas empresas, comandadas por empresários brasileiros inescrupulosos se aproveitam dos imigrantes e lhe concedem trabalho, semelhante a escravidão. Contraventores vendem documentos falsificados por quantias que chegam a 5.000 dólares. Um alto risco para quem compra.

Casamentos são arranjados por 10 mil, mas o estrangeiro só consegue o green-card depois de longos anos de espera, após o Serviço de Imigração ter a convicção que o casal está realmente casado, moram na mesma casa, dormem na mesma cama e fazem sexo regularmente.

No mesmo momento em que escrevo, falo com o Brasil no MSN e vejo imagens transmitidas por Web Cam. Saudades...

 

16/09/05 - O CASSINO
 Hoje os da casa estao em day off (folga), muito merecido, e aproveitam para dormir até mais tarde. Eu que acordo sempre no mesmo horário (8 da manhã), tomei o meu café e saí com o propósito de fazer uma caminhada, já que aqui não faltam parques e áreas verdes para tal. Retornei por volta de meio dia e percebi que o almoço seria pomposo, digno de um banquete. Turkey (peru) assado, farofa, virado a paulista, salada de maionese, etc...

O Beni veio para o almoço, antes porém, me convidou para acompanhá-lo  a um bar para umas partidas de sinuca e algumas cervejas, o que fizemos. Me cedeu a boléia da sua enorme pick up crhysller, muito confortável de dirigir. Retornamos as 14 horas e almoçamos com voracidade.

Neste estado proíbem a venda e o consumo de álcool em locais públicos. Licquor é o nome dado às lojas autorizadas a comercializar bebidas alcoólicas. Os bares mantém as portas entreabertas, e somente entram maiores de 21 anos. Apesar de todas as restrições, o alcoolismo e o tabagismo são doenças que acometem grande parte da população. O uso de maconha, proibido por lei, é generalizado entre homens e mulheres dos 12 aos 70 anos. As lojas de conveniência vendem kits com  papel de seda para enrolar o baseado.
Cigarros (os normais, de tabaco) custam 6 dólares o maço e são vendidos somente a maiores de 21 anos
Ao final da tarde, reservaram-me uma surpresa das mais agradáveis. Uma viagem rumo oeste pela estrada InterState 395, por umas 80 milhas, até a cidade de Preston City, já no Estado de Connecticuts.

Adentramos um complexo hoteleiro de fabulosa grandeza, denominado Foxwoods Resort Casino. A começar do estacionamento, passando pelas lojas e restaurantes, tudo ali se contava em grande escala. Dezenas de ambientes, onde mesas de roleta e de carteado se contava as centenas, apostadores e máquinas caça-níqueis se contava aos milhares, e dinheiro em circulação (apostas), estimo de atinja a casa dos milhões.

 O Paulo me deu 5 cartuchos contendo 10 dólares cada um em moedas de 0,25. para apostar. Confirmando minha má sorte em jogos, perdi $ 12,50. Devolvi 27.50 ao patrocinador (Paulo) e trouxe  $ 10 na embalagem original, como souvenir do lugar. No salão de Bingo, similar aos brasileiros, a série custava 0,50 e os prêmios eram de US $ 500.00. Desnecessário dizer que 90% dos frequentadores ja estavam na terceira idade,  Bebidas alcoólicas e não alcoólicas são cortesia da casa. Estacionamento free..
Retornamos na madrugada. Segundo me asseveraram,  havia um projeto de um mega cassino aqui em Worcester, o que certamente iria atrair o turismo e gerar milhares de empregos. Porém, a constituição do Estado de Massachusetts proibe esse tipo de atividade.  Infelismente, para eles.

17/09/05 – MEL E LAILA
Voltou a chover, logo minha caminhada matinal ficou prejudicada. Limito-me a brincar com a Laila e a Mel. A primeira e uma beagle de 3 anos e a segunda uma chiuawa de 3 meses. Cachorros são caros e bem cuidados na América. A Laila vale US $ 300 e a Mel $ 800. Se sairem na rua são recolhidos pela carrocinha.
São muito dóceis e entendem comandos em inglês e em português. Esquilos aqui são que nem pardal no Brasil. Tem por toda parte, devido as ruas e os quintais serem totalmente arborizados.
Fomos a um grande shoping center, onde adquiri frascos de perfume numa loja Victoria `s Secret.  Acompanhou-nos uma colega de trabalho da Erika, Srta Eliane, que veio da roça no Espírito Santo e está ha. 5 anos fazendo a vida por aqui.

Automóveis são a paixão de todo americano, contagiando o estrangeiro que aqui vive.. Vários fatores contribuem para que em cada residencia haja, pelo menos, dois veículos, quais sejam: grande oferta do produto,  financiamentos de longo prazo sem qualquer taxa de juros, gasolina barata, inexistência de transporte coletivo regular  e tempestades de neve, que impede qualquer pessoa de andar a pé durante 6 meses por ano...

Veículos com mais de 10 anos de fabricação, mas em boas condições de uso, são vendidos por menos de 1.000 dolares, ao alcance de qualquer trabalhador de baixa renda. Um brasileiro que estava retornando ao Brasil vendeu seu Ford Escort ano 92 por US $ 300, quantia que equivale ao salário semanal recebido por trabalhadores sem qualificação.
Segundo me informaram, existe depósito de carros abandonados e veículos acidentados. Paga-se 10 dólares para entrar no terreno e com ferramentas pode subtrair o que precisar e puder carregar. São os desmanches a moda americana.

O sonho de consumo de qualquer operário que vive no Brasil ainda e uma bicicleta. Por aqui não se vê bicicletas pelas ruas, mesmo porque não e possível pedalar na neve que predomina durante metade do ano. Mas as bikes a venda são de cair o queixo. Completas, com rodas de liga leve, toda em aluminio, com cambio, amortecedores, bancos anatomicos, freios avançados, enfin, acabamento de primeiro mundo, ao custo de 80 dolares, ou seja, um dia de trabalho ( A mesma configuracao no Brasil, custa, no minimo, 2 salarios mínimos).
É proibido pedalar sem capacete e outros apetrechos de segurança.

Deixamos o carro numa oficina para trocar os discos e as pastilhas de freio. US.$ 360,00. Uau...

18/09/05 – O ASILO
A Erika trabalha num Asilo de nome Cristopher House. Ganha $ 10,60 por hora, para uma jornada semanal de 40 horas, que acrescido com algumas horas extras lhe da um salário de US $ 450.00 por semana. Somado aos outros US $ 400.00 recebidos pelo Paulinho como manager de uma loja de conveniência, lhes dá uma renda familiar de 850 por semana, o suficiente para levar uma vida  simples, porém confortável.  Têm tudo o que precisam e que jamais teriam conseguido se tivessem ficado no Brasil, sendo dois jovens na casa dos 23 anos de idade. A Cida, mãe do Paulo e sogra da Erika (embora a Erika a considere como mãe) os ajuda bastante, tanto financeira quanto psicologicamente. Sem a ajuda da Cida, eles encontrariam muito mais dificuldades. Atualmente eles possuem casa espaçosa com toda a parafernália eletrônica disponível no primeiro mundo, carro relativamente luxuoso, mesa farta, e podem se dar ao luxo de, quando sobra tempo, fazer alguns passeios pelas redondesas, de modo que já conhecem toda a regiao. Nunca se deve fazer a conversão do salário para Reais, pois aqui se ganha em dólares e se gasta em dólares. A prestação da casa lhes absorve 1200 e do carro mais uns 500. Uma renda familiar de US$ 3.400 dólares por mes, que no Brasil seria classificada como classe média , aqui na América não e nenhuma fortuna.  O Paulo ainda esta matriculado em um curso superior que lhe custa US$ 470.00 por mes, e que até 2007 irá proporcionar-lhe um diploma na área de tecnologia da informação, que pode lhe garantir bons empregos quando retornar ao Brasil. A Erika fez um curso específico para atuar na área de saúde de velhos, e atualmente estuda apenas o idioma.  Ambos possuem bom domínio do idioma inglês, o que é um grande diferencial no mercado de trabalho mundial. Fico muito feliz e torcendo por eles. Estão realizando todos os propósitos a que vieram quando desembarcaram nesta terra.

Como em todas as cidades americanas, existem diversos asilos onde os velhos são depositados ate a morte para desonerar as familias. Cada interno custa US $ 8.000.00 por mes e as despesas sao bancadas parcial ou integralmente pelo Estado, de acordo com as posses da familia. Os idosos, então, são respeitados e tratados com diginidade O pessoal que trabalha neste seguimento tem treinamento específico e certificação para trabalhar, o que lhes garante um salário maior que a média de outras atividades.
Almoçamos o trivial, mas para o jantar o Paulo preparou duas enormes e saborosas pizzas. Comemos até empanturrar.

Esqueceu-me acrescentar que nas horas vagas, o Paulo faz delivery para uma pizzaria, o que lhe garante alguns trocados extras. A entrega é feita de carro. Não existe a figura do motoboy.

19/09/05 – NEW YORK
Vamos a New York City, 250 milhas ao Sul. Esclareço que o americano não utiliza o sistema métrico decimal, de forma que por aqui a massa é expressada em Onças (Oz) equivalentes a 28,8 g,  e a Libra (Lb) ou Pound, que corresponde a 16 oz.. Líquidos são medidos em galões de 8 libras (mais ou menos 3,66 litros), e distância é expressa em milhas (cada milha corresponde a 1609 metros). A temperatura é medida em graus faringnheit, com escala de 32 a 180.

Mas voltando ao passeio, tudo que se diz sobre os costumes nos Estados ao Norte, como Massachusetts, New Hampshire, Connectcuts, Seatle, etc, nao vale para Nova York, pelo menos na area central e comercial da cidade. O trânsito e caótico, a miscigenação de raças e visível, e inspira falta de segurança como em todas as metrópoles do mundo.
Os Estados Unidos é composto de 50 estados com total independência. Cada estado tem sua legislação e costumes próprios. Nos estados do extremo Sul, tais como a Flórida, o Arizona, Texas, Mississipi, Alabama, etc..o cotidiano se assemelha mais ao das culturas latinas, contagiados que são pela proximidade geográfica da América Católica. O Norte preserva mais a cultura anglo-saxônica.. New York mistura tudo.

A Capital  do mundo e também a capital dos arranha-céus. Por toda a cidade se observa espigões com mais de 50 andares, muitos construidos há mais de meio século. A região central é tumultuada, lembrando em tudo o Centro Velho de São Paulo, com intenso comércio. Produtos eletrônicos têm preços bastante acessíveis. Gêneros alimentícios são caríssimos se convertidos para a nossa moeda. Vimos uma churrascaria Brasileira na Rua 49st, que cobrava US 38.00 por pessoa, fora bebidas, sobremesas e taxa de serviço. Em Fast Foods alimenta-se por US.$ 10.00.

O esquadrinhamento das Avenidas e Ruas numeradas facilita muito a locomoção, mesmo para quem vem a NY pela primeira vez. As Avenidas são numeradas de 1 a 10 e as Ruas que as entrecortam também são numeradas, na seqüência, de maneira que se está na Rua 41 e quer ir até a 49, basta seguir a seqüência, cruzar 8 quadras e chega-se ao destino. Times Square é a Rua Central e referência para motoristas e taxistas. Os táxis amarelos cobram 2,50 o embarque, mais 0,80 c por milha, de modo que um pequeno percurso não sai por menos de 10 dólares.  Esta cidade ostenta o Metrô mais extenso e mais movimentado do mundo.

20/09/05 – YARD SALE
É Primavera no Hemisfério Sul e Outono por aqui. O tempo ja começa a dar sinais de frio. Enquanto isso, no Sul, o Furacão Rita (Eh Ritinha) expulsa centenas de milhares de pessoas da cidade de Houston, no Texas. E por onde entram os brasileiros que se arriscam através da fronteira mexicana. Vão chegar lá e achar a cidade deserta e quem sabe devastada. Uma tristesa.

Saí para dar uma volta e duas coisas me chamaram a atenção. Na Main Streat, surpreendi crianças com menos de 10 anos, de traços americanos, vendendo chocolates aos passantes.  Uma Van tipo Kombi vendia pastéis de feira a US $ 2,25 cada um, e uma feira de hortifrutigranjeitos se improvisava na calçada.
Já a caminho de um parque, num bairro mais periférico deparei-me com residencias cheias de cacarecos a venda, ostentando uma faixa onde se lê YARD SALE, ou vende quintal numa tradução livre. Haviam ferramentas, biciletas, carrinho de cortar grama, cadeiras, mesas e utilidades em geral, tudo exposto na frente da casa (front yard, no dizer local).  Depois a Erika me explicou que e comum aqui nesta região, entre as famílias de baixo poder aquisitivo, juntar todos os cacarecos disponiveis e vender pela melhor oferta, numa espécie de leilão improvisado. É o popular Limpa Quintal. Não parei para ver de perto, mas acredito que se compra coisas a baixo preço. Haviam diversos eventos montados. São brechós americanos. Nem só de desperdício vive a América.  Mas objetos e aparelhos de algum valor ainda se encontram no chamado lixo limpo, descartados por famílias mais abastadas, que não se prestam ao mico do yard sale.
Almoçamos macarronada. Um breve cochilo e a noite uma festinha de aniversario infantil

21/09/05  -  HARVARD
Visitamos a glamourosa Universidade de Harvard, localizada na cidade de Cambridge, pegada a Boston. Essa localidade, assim como a sua homônima do Reino Unido, vive em função dos estudantes. Aqui também se instala o célebre MIT ( sigla em inglês do Instituto Tecnológico de Massachusetts), referência mundial em pesquisa científica avançada.
Enquanto eles foram matricular-se num curso de inglês para estrangeiros, eu fiquei circulando pelo Campi.
Monumentos históricos, estátua de John Harvard, o fundador, afrescos relatando a conquista de Massachusetts em 1780 pelo lendário General George Washington, enfim, ambiente descontraído e culto, com muita gente bonita e inteligente.  Conheci um negro americano familiarizado com Roberto Carlos e Tom Jobim
Em algumas rodinhas de estudantes, ouvia-se português do Brasil.

Um memorial na praça central relatava as bravuras dos primeiros conquistadores, e exibia um mapa do então Districto de New England.
Vi uma porção de mini-containers cheios de livros usados (milhares), separados por assunto. São doados por estudantes que concluem os cursos e podem ser retirados por qualquer aluno que deles precisar. Basta, se quiser, fazer uma contribuição voluntária ao Centro Acadêmico Interessante maneira de reutilizar material escolar.
Surpreendi jovens em rude e estranha maneira de comemorar o ingresso na faculdade. Cantavam, pulavam e batiam os pés ao som de violas. Enorme barulho assim faziam os camaradas.
Ao retorno, lanchamos numa loja Dunke Donnuts, onde as funcionárias são todas brasileiras fazendo a vida na América. Brava gente.

22/09/05  -  INDUMENTÁRIA
Atentei para um detalhe até então despercebido. Como se vestem mau os americanos, pelo menos aqui nesta região conhecida como New England, composta pela parte leste do Estado de Massachusetts. Parece que as pessoas daqui não se preocupam com a própria aparência, de modo que e comum entrar em cafés, pela manhã, e deparar-se com pessoas em trajes de dormir.  Os jovens trajam enormes bermudas e camisetas (sempre números acima do que realmente vestem), e combinam as cores com gosto duvidoso. Vê-se gente de bermuda e sapato social, e de calça social e chinelo de dedos. Coisa de louco. Hoje e domingo, e embora acabamos de entrar no outono, a temperatura caiu bruscamente. Bom pra ficar em casa e assistir a Globo Internacional, atualizando-se a respeito das falcatruas do Brasil. Nao bastasse CPI do Mensalão, dos Bingos, do Correio, agora vem essa de árbitro de futebol que fabricava resultados para beneficiar   apostadores. Triste.

Patricia Poeta (lembra daquela moreninha que dava a previsão do tempo no Bom Dia Sao Paulo) está aqui em Nova York, e é apresentadora na Globo Internacional de programas para brasileiros que aqui vivem.  Eu já estava mesmo com saudades dela.

O repasto foi a base de frutos do mar. Crebs (caranguejos) enormes e 2 bonitas lagostas, com salada e cerveja. Jogamos cartas e matamos o dia.

23/09/05 - RELIGIÃO
Fui visitar uma Igreja Católica, senão a única, uma das poucas existentes por aqui. Esta região da América e predominantemente protestante, tendo adotado a religião anglicana dos descobridores. O Dia de Ação de Graças é o feriado mais importante para os americanos, seguido do tradicional Halloween. Mesmo assim, já se vê muitos Templos Evangélicos Neo Pentecostais espalhados pela periferia. A brasileiríssima Igreja Universal do Reino de Deus está presente nas principais cidades americanas e vem crescendo vertiginosamente, apoiados por monumental campanha publicitária. A TV Globo e a IURD, inimigas declaradas no Brasil, por aqui se dão muito bem. A Globo Internacional veicula comerciais da Igreja e apresenta até depoimentos de pastores, tudo a um custo milionário, imagino.

Ao menos não há nenhum fanatismo aparente, e todas as crenças convivem pacificamente

24/09/05 – PRAIA
Jamais eu me sentira tão folgado e dera expansão a esse meu ócio. Não havia nada que meus anfitriões não fizessem por mim. Tudo que dispunham estava a minha disposição
Aproveitando que era domingo e eles estavam de folga, fomos conhecer uma praia americana, sendo antes prevenido que jamais encontraria algo próximo da beleza da costa brasileira.
Seguimos para o Norte rumo ao Estado de New Hampshire e chegamos a uma cidade balneária de nome Hampton Beach. Pontes modernas, belas construções em madeira, intenso comércio de suvenirs e quinquilharias made in China. A água do Atlântico Norte nesta época do ano é demasiadamente gelada, tornando o banho de mar um sacrifício para nós, tropicais.
As roupas de banho são enormes e o visual é bizarro.  Famílias bem nutridas estatelam-se na areia grossa, ingerindo enormes pizzas e sanduíches de bacon, trazidos de casa. Não há ambulantes, nem cerveja, nem pagode, nem caipirinha, nem camarão no espeto, nem fio dental, nem uma bola de futebol. Entediante.

Notei uma garota trajando uma camiseta do time do São Paulo Futebol Clube. Os americanos abominam nosso futebol, que eles chamam de soccer e que é considerado por eles jogo para mulheres (Tanto que a seleção de futebol feminino dos Estados Unidos é a atual campeã do mundo)

Eles amam o futebol americano, e o time do Patriots de  Massachussets é o Flamengo daqui. Por onde se anda, depara-se com uniformes e bandeiras com as cores do Patriots. No basebol, outro esporte que emociona os americanos, o Red Sox, de Boston é a paixão dos torcedores.

Alguns canais de televisão dedicam-se exclusivamente aos esportes e transmitem tudo quanto possa render um pontinho de audiência. É comum a transmissão ao vivo de jogos de sinuca, partidas de carteado (pocker) e até embates de xadrez. Famílias se prostram na frente das TVs e vibram com os lances que consideram geniais.

25/09/05 – IMAGENS DO INVERNO
Com frio e chuva, impossível sair de casa, passo a navegar, com a permissão dos donos da casa, pelos álbuns fotográficos armazenados no computador, e me impressiono  com as fotos tiradas no inverno, que vai de novembro a maio. Os carros são soterrados pela neve, exigindo um árduo trabalho todas as manhãs para sair para o trabalho. Nas madrugadas, veículos especiais da Prefeitura trabalham ininterruptamente para desbloquear as ruas. Dirigir automóveis torna-se um ato circense, pois os veiculos literalmente esquiam pelas ruas.

Nos dias de tempestades, a cidade para, os Bancos e o Comércio não abrem, e ninguém sai de casa. Os serviços essenciais, como hospitais, policia e inclusive o Asilo em que a Erica trabalha,  dispõem de veículos especiais, altos, tracionados e acorrentados,  tipo jipoes militares, para rasgar a neve e buscar os empregados nas suas casas. Os abalroamentos no transito sao comuns, nao sao multados pela policia e sao ressarcidos integralmente pelas Seguradoras. Culpa da nevasca.

Num magazine, vi as roupas que sao usadas no inverso. Casacos de pele, jaquetas acolchoadas e impermeabilizadas. Coisa estranha para nos, tropicais,
De qualquer maneira, todas as casas e automóveis possuem aquecedores, de forma que o sofrimento com o frio so e sentido por quem trabalha ao relente, como pedreiros, pintores e peões (brasileiros) em geral. Os demais, só sofrem para desenterrar o carro.

A Erika me contou que a amiga dela, que mora num apartamento, depois de trabalhar duro para liberar o carro de manhã, descobriu que desenterrou o carro do visinho.  Coisa de mineiro. Estamos próximos ao Polo Norte, e as temperaturas aqui, em dezembro e janeiro, variam em torno de menos 30 graus centigrados. Salvei umas fotos do Paulo e a Erika com gelo ate a cintura, na frente da casa deles.

26/09/05 – RETORNO
Dia de arrumar as malas, juntar as compras e preparar a viagem de volta, que ocorrerá amanhã.

Tudo transcorreu como programado. Me levaram ao Aeroporto Internacional de Boston, embarquei para o Brasil fazendo o mesmo itinerário da vinda, com conexão em Atlanta.

A despedida é sempre angustiante mas me anima a certeza de retornar em breve para, quem sabe, continuar esse Blog.

A aterrisagem em solo brasileiro sempre traz uma agradável sensação de estar em casa após o cumprimento de uma missão. ATÉ BREVE





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